Aulas-passeio e as fronteiras do mundo virtual: navegar é preciso, então
navegue por mares interessantes e trace rotas confiáveis.
“Minha
primeira aula-passeio ocorreu quando cursava o magistério.”
A Professora Áurea nos presenteou com o
passeio para conhecermos uma escola montessoriana e fiquei impressionado ao ver
que as crianças tinham comportamento parecido ao que dizia o autor do livro de
didática. Foi minha primeira vivência em
relação ao que hoje chamamos de contexto, pois entre parecer e ser igual existe
uma pequena ponte: a adaptação.
“Como
alguém aprendia com tanto texto sem nenhuma figurinha.”
Cursando pedagogia estudei Freinet e entendi o
contexto da aula-passeio, pois é muito mais eficiente abstrair com várias
opções de fonte e maneiras. Na mesma época minha mãe me mostrou seu antigo
livro de francês e fiquei horrorizado, pois como alguém aprendia com tanto
texto sem nenhuma figurinha.
Talvez nossos alunos também nos façam essa
pergunta ou ao menos terão um pensamento parecido com o meu: como alguém
aprendia com esse monte de papel sem nada animado ou interativo!
Os ecolanovistas[i]
entendiam que a escola deve formar para a vida e hoje sabemos da necessidade do
significado ao apresentarmos os saberes escolares aos nossos alunos.
Portanto, a diversidade é algo necessário em
nossas práticas em sala de aula e deve ser planejada, preparada, aplicada e
avaliada para garantir sistematizações que levem às situações de aprendizagem.
O livro didático é benéfico, pois orienta o
aluno em seus momentos de estudo e organiza os conteúdos, mas o movimento de
criar e proporcionar outras formas tem igual importância.
“Lembre-se
da última aula-passeio que você realizou com seus alunos.”
Talvez nem tenha acontecido, pois sabemos que
existem barreiras nesse processo: financeiras, cronograma, autorização etc.
Sempre tentei preservar ao menos dois momentos por ano.
Depois descobri que até o pátio pode ser uma
aula-passeio se houver função didática no exercício e servir ao momento do
curso. Colher tipos diferentes de folhas para estudá-las e compará-las com as
do livro, por exemplo.
“Temos
um passaporte da alegria no mundo virtual.”
Discuti muito as famosas excursões chamadas de
passeio cultural que eram realizadas anualmente: ida ao parque de diversões que
o professor não pagava o passaporte da alegria. Eu sempre me diverti neste
parque, mas não era uma aula-passeio, mas poderia ter siso, caso houvesse planejamento
e contextualização.
Exatamente isso que devemos atender ao
mergulharmos no mundo das opções virtuais que englobam também
os passeios. Transformar estes
passeios em aulas-passeio com objetivos que auxiliem no desenvolvimento
dos conteúdos (procedimentais, conceituais e atitudinais) em nossos cursos.
Uma aula recheada de momentos diversificados,
porém instrutivos e que caminhem ao encontro do mesmo objetivo: atender ao
curso. Passamos por momentos de cobranças em relação ao como ensinar e até
mesmo ao que ensinar, certamente será proveitoso justificar as duas premissas.
“Navegando
por mares interessantes.”
As exigências de estudo mudará o comportamento
dos professores em relação aos planos de aula, pois o tempo de pesquisa será
primordial para encontrarmos os tais mares interessantes. Isso trará maior valorização dos momentos de
troca e maior fidelização das reuniões pedagógicas, afinal inúmeras
instituições já sinalizam a importância do trabalho realmente construído em
equipe.
Portanto, aos trocarmos informações com outros
navegantes, saberemos por quais mares ele viajou e o que aconteceu com o
produto dessa viagem (aplicação em sala de aula).
Obviamente que para falarmos bem de uma viagem
teremos que realizá-la, mas mesmo assim podemos diversificar mais com o tempo
ganho nos processos de troca.
Lembrando
novamente do saudoso magistério: recebíamos planos de aula prontos e
isso não cabe mais ao mundo de hoje, pois para cada contexto mudamos os pretextos.
Avaliar e adequar, aplicar e avaliar, readequar!
A dinâmica do pensamento de aula faz do
professor um protagonista cercado de protagonistas e as marcas pessoais estarão
cada vez mais presentes em sua sala. Aplicar exatamente o que lhe contaram pode
não ser interessante ao momento de sua classe.
“Traçando
rotas confiáveis.”
Vamos navegar por alguns mares antes de
traçarmos nossas rotas:
O Google Art Project dispõem de galerias, coleções e rol
de artistas para utilizarmos em diversas formas de projetos e estudos. Podemos
direcionar os alunos em pesquisas pelo ambiente ou utilizá-lo em sala.
Eu viajei pelo Instituto de Arte
de Chicago, conheci o acervo e resolvi criar uma pequena galeria em meu nome,
como se fosse utilizá-la em uma aula.
O WordWide Telescope permite
viagens que certamente não virarão aulas-passeio reais, como ir aos planetas do
sistema solar. Um recurso indispensável
aos professores de geografia e também serve aos outros especialistas.
Baixe e instale o software em
sua máquina para poder contextualizar os passeios.
O
Google Maps permite várias ações e quando falamos em aula-passeio: visite o
Coliseu e viaje em fotos 360º postada por usuários.
Podemos
postar fotos de lugares que fomos com nossos alunos, será um projeto
interessante de publicação.
O Projeto Homem Virtual que
possibilita viagens pelo corpo humano.
Passei por vários lugares,
acesse plantas de imóveis e grandes projetos digitando sua pesquisa no youtube.
Faça uma agradável viagem pelo
Corcovado e utilize como abertura de uma aula.
Sempre é possível encontrar
vídeos curtos para momentos que privilegiem aos alunos mais visuais.
Antes de uma visita presencial,
podemos realizar um passeio virtual.
Visita ao Museu da Língua portuguesa.
Essa pesquisa
indicou alguns lugares que podemos visitar com nossos alunos e o próximo passo
após encontrar a temática que deseja é avaliar qual a contribuição que trará
para o desenvolvimento do curso que atenderá.
Falo de nossos
planos de aula, pois é neles que devemos descrever (encaminhamento
metodológico) como faremos e prever: tempo, recursos, avaliação e ações. Também
já abolimos aos modelos de plano de aula com preenchimento de campos e folhas
impressas, mas sabemos que o planejamento é necessário para organizamos
processos bem estruturados.
“Enfim,
a rota mais confiável.”
São as quais
traçamos, pois sabemos onde estamos e para onde vamos.
Talvez, esse
seja o maior processo de resiliência[ii]
para nos adaptarmos ao ambiente escolar do futuro, ou seja, entender que a
pesquisa fará parte do cotidiano e que teremos que criar, inovar e remodelar os
nossos processos (didática) para termos uma melhoria continuada de nossa
prática.
“Viagem
sempre tem foto, diário e outras formas de recordação.”
Sempre que puder
registre e incentive sua turma aos momentos de publicação: jornal mural,
flanelógrafo, blogs, apresentação e outras formas. Certamente que não haverá
tempo para publicar todas as ações, mas o processo é fundamental para os
processos de comunicação (habilidades são desenvolvidas nos procedimentos).
“Minha
primeira publicação foi na universidade.”
A coordenadora do
curso leu minha redação do vestibular, mas não disse o nome de quem escreveu.
Para mim, acostumado a escrever para corrigirem a ortografia, foi uma grande
satisfação saber que era capaz de escrever algo que julgaram interessante de
ser lido.
Professor Leandro
Wendel Martins.
[i]
Educadores que formavam a corrente da Escola Nova nas primeiras décadas do
século XX.
[ii]
Resiliência: processo de adaptação como o efeito das molas e dos elásticos.
O Jornal da Globo (TV Globo) exibiu matéria tratando do uso de novos hardwares pelas crianças, como os tablets. http://g1.globo.com/jornal-da-globo/conecte.html
Claro que dia a dia é uma palavra composta com termo de ligação e respeitando o acordo ortográfico ela não utiliza mais hífen, mas a matéria ficou ótima:
Abriram com imagens de um garoto de dois anos e meio que usava um tablet como quem abria uma bala, além disso ele adora aprender inglês no aparelho. Claro que a supervisão da mãe em relação ao conteúdo e o tempo de utilização do aparelho são fundamentais.
Também mostraram uma escola onde frequentemente aulas são ministradas com o recurso (Tablet) em sala, e acreditem a letra cursiva é trabalhada pelo professor e pelo aluno com toques na tela. Cade a lousa verde?
Quando lancei o Projeto Tela Digital na blogoficina "ON - Novas Tecnologias", a proposta era justamente inserir o uso de novos recursos tecnológicos de maneira contextualizada e muito bem encaminhada nas aulas de todos os segmentos.
A reportagem mostrou a proposta aplicada aos alunos da Educação Infantil de uma escola da Rede Pública e foi uma festa de aprendizagem, diversão e interesse.
Portanto, a tecnologia passou de realmente de diferencial para essencial!
Cabe aos Educadores de hoje estudá-la, contextualizá-la e aplicá-la em sala de aula, pois a escola é para o aluno, não podemos nos esquecer disso.
Leia no tutorial de ON o que diz Gary Small, quando o assunto é o desenvolvimento de novas conexões neurais, ligadas ao córtex pré-frontal dorsolateral.
As profissões do futuro exigirão novas habilidades e elas estão ligadas ao uso de tecnologia. A escola pode e deve orientar os sentidos práticos e éticos em relação aos novos e necessários conhecimentos, habilidades e atitudes.
Realmente não há mais como justificar a falta do recurso e essas premissas nos levam a pergunta que venho fazendo faz alguns anos:
Você está ON?
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